domingo, 30 de junho de 2019

Mudanças na delação da maior testemunha contra Lula gerou desconfiança na Lava Jato Divulgados pela 'Folha' e 'The Intercept' novos trechos de vazamento mostram que Léo Pinheiro, da OAS, só ofereceu versão contra Lula anos depois de seu primeiro testemunho

Mudanças na delação da maior testemunha contra Lula gerou desconfiança na Lava Jato Divulgados pela 'Folha' e 'The Intercept' novos trechos de vazamento mostram que Léo Pinheiro, da OAS, só ofereceu versão contra Lula anos depois de seu primeiro testemunho O depoimento de Léo Pinheiro foi fundamental para a condenação do ex-presidente. Ele foi usado como base para a denúncia da força-tarefa, que afirmava que o Grupo OAS, presidido pelo empreiteiro, pagou 87,6 milhões de reais em propinas por contratos com a Petrobras. Um porcento desse valor, apontou a força-tarefa da Lava Jato, foi destinado a agentes políticos do PT em uma conta geral de propina que o partido mantinha com a construtora. Desta conta, afirma, teriam saído 2,42 milhões para o caso do Guarujá, referentes à diferença de valor entre o triplex e o apartamento tipo que a família de Lula já tinha comprado no edifício na cota de uma cooperativa e em reformas e bens para o imóvel. Segundo a reportagem deste domingo, as mensagens dos procuradores vazadas por uma fonte anônima ao Intercept apontam que os relatos feitos por Léo Pinheiro sofreram várias alterações até que as negociações para uma delação premiada avançassem. Inicialmente, a delação de Pinheiro, que já estava condenado há 16 anos de prisão, foi rejeitada. O depoimento dele não servia para condenar Lula, já que ele dizia que as reformas e bens colocados no imóvel tinham o objetivo de agradar o ex-presidente, e não tinham qualquer contrapartida em benesses no Governo. Na época, a versão foi considerada pouco crível pelos acusadores da força-tarefa. Pinheiro, nesta época, aguardava seu recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF) em liberdade, mas temia perder e ser preso. Os advogados chegaram a perguntar se, diante da iminência da entrega de novos anexos, seria possível adiar a audiência de apelação, mas os procuradores disseram que o acordo com eles não interferia no andamento judicial. Em 20 de abril de 2016, mensagens dos procuradores revelam este bastidor. Januário Paludo escreveu: "Acho que tem que prender o Leo Pinheiro. Eles falam pouco. Quer dizer, acho que tem que deixar o TRF prender." Em 21 de julho do mesmo ano, o procurador Athayde Ribeiro Costa afirma ao grupo de procuradores: [os advogados] entregaram os anexos e pediram assinatura do acordo de confidencialidade. Negamos por insuficiência dos anexos e omissão de vários temas. A versão apresentada também é ruim para vários casos." Roberson Pozzobon, então, respondeu: "Na última reunião dissemos que eles precisariam melhorar consideravelmente os anexos. Eles falaram que melhorariam e os trariam hoje". O termo de confidencialidade, passo para a delação, foi assinado em agosto, um dia antes de a revista Veja trazer detalhes do depoimento de Pinheiro, que afirmavam que a delação da OAS citava o ministro do Supremo Dias Toffoli. Com o vazamento, alguns procuradores chegaram a defender que o acordo com Léo Pinheiro fosse suspenso, para evitar atritos com o STF. Em 20 de agosto, o coordenador da força-tarefa Deltan Dallagnol se manifestou: "Não sei se os anexos evoluíram. Se estiverem uma porcaria ainda, aí tudo bem. Mas se os anexos estiverem bons, acho que não é o caso. Salvo engano, ainda, trazem PSDB como nenhum que fechamos trouxe. Até fecharmos algo bom do PSDB, não dá pra descartar." A procuradora Anna Carolina Resende Maia Garcia respondeu:" Essa manobra deles pode nos custar muito caro. O STF vai se fechar e vão acabar com nossos acordos. Não acho que o risco valha a pena. Temos que sinalizar claramente que não vamos ser usados." Depois, continuou: "Os anexos da OAS não valem isso. Na minha visão, são muito ruins, o advogado [da empresa] é mal caráter e Léo Pinheiro é o empreiteiro com mais prova contra si." Uma semana depois, conta a Folha, a Veja publicou trechos de sete anexos da delação de Pinheiro e afirmou que a OAS revelara a existência de uma conta secreta para realizar pagamentos a Lula. Em 26 de agosto de 2016, a procuradora Anna Carolina, então, pergunta ao grupo: "Tinha isso de conta clandestina de Lula?". O procurador Sérgio Bruno responde: "Sobre o Lula eles não queriam trazer nem o apartamento do Guarujá. Diziam q não tinha crime. Nunca falaram de conta." A existência de uma conta foi essencial para que o caso não apenas ganhasse força, maspara que fosse mantido com a força-tarefa de Curitiba. Era essa conta, onde eram depositado dinheiro ilícito de corrupção, que ligava o caso do triplex do Guarujá à Petrobras, tema da investigação da força-tarefa. O empreiteiro, diz a Folha, foi tratado com desconfiança pela Lava Jato durante quase todo o tempo em que se dispôs a colaborar com as investigações. A versão do empresário só ganhou crédito quando a narrativa sobre o triplex do Guarujá mudou. Léo Pinheiro acabou preso em setembro de 2016 e as negociações sobre a delação ficaram paradas até 2017. A procuradoria-Geral da República e a força-tarefa de Curitiba só aceitaram retomar as negociações de uma possível delação premiada em março de 2017, quando o processo aberto para examinar o caso do tríplex estava se aproximando do fim e Léo Pinheiro se preparava para ser interrogado por Moro. A versão que incriminou Lula foi apresentada apenas em abril de 2017, mais de um ano depois do início das negociações. Foi quando Pinheiro afirmou, em uma audiência com Moro em Curitiba, que havia a tal conta de propina para o PT, de onde, segundo o ele, saíra o dinheiro para a reforma do triplex. Foi também em 24 de abril de 2017 que ele afirmou que Lula o havia orientado a destruir provas de sua relação com o partido após o início da Lava Jato. Em 13 de julho de 2017, o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, mostrou preocupação em relação ao timing do acordo. "Caros, acordo do OAS, é um ponto pensar no timing do acordo com o Léo Pinheiro. Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula". Em 3 de agosto daquele mesmo ano, a procuradora Jerusa Viecili ressaltou que a versão da empresa foi "desleal". "Houve ordem para destruição das provas. Nisso a empresa foi desleal, pois nunca houve afirmação sobre isso. Salvo quando Leo falou no interrogatório sobre destruição de provas, não houve menção a este assunto." O acordo de delação premiada acabou se arrastando e foi fechado no fim de 2018. Mas até hoje a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não o encaminhou para a homologação do STF e Pinheiro continua preso. Defesa de Lula A mudança nas versões dadas por Leo Pinheiro eram alvo de críticas da defesa de Lula desde quando a delação foi firmada. "O Léo [Pinheiro], que estava preso aqui e fez a denúncia contra mim, passou três anos dizendo uma coisa e depois mudou o discurso. Meu advogado perguntou o porquê disso e ele disse ‘meu advogado me orientou’. E o que ele falou: ‘Lula sabia", afirmou o ex-presidente em entrevista ao EL PAÍS Brasil e à Folha, em abril deste ano. Em nota, a defesa do ex-presidente afirmou neste domingo que a reportagem "reforça a forma ilegítima e ilegal como foi construída a condenação do ex-presidente Lula no chamado caso do triplex”. "Conforme histórico do caso, Léo Pinheiro, que ao longo do processo nunca havia incriminado Lula, foi pressionado e repentinamente alterou sua posição anterior em troca de benefícios negociados com procuradores de Curitiba, obtendo a redução substancial de sua pena", completou o texto. À Folha, a força-tarefa da Lava Jato afirmou que o material apresentado pela reportagem não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo.“A Lava Jato é sustentada com base em provas robustas e em denúncias consistentes. O trabalho da força-tarefa foi analisado e validado por diferentes instâncias do Judiciário, de modo imparcial e independente”, ressaltou uma nota do órgão, publicada pelo jornal. Por: @Portal de Noticia Brasil com @The Intercept Brasil e @El País segunda-feira 01 de julho, judi jsantos

sábado, 29 de junho de 2019

QUEM GANHA COM A NOVA LEI DE DROGAS NÃO SÃO OS DEPENDENTES QUÍMICOS – SÃO OS DONOS DE CLÍNICAS

PARABÉNS AO BRASIL, parabéns a essa nação cristã. Deus acima de todos”. Assim, o ex-senador Magno Malta e outros donos de comunidades terapêuticas comemoraram a aprovação do projeto de lei que reformula a atual Lei de Drogas. Acompanhados de Osmar Terra, atual ministro da cidadania e autor do projeto, Malta e parlamentares da bancada evangélica gravaram um vídeo agradecendo Deus pela primeira vitória legislativa do texto, na semana passada. Nesta quarta, quando o PL, que agora segue para a sanção presidencial, foi aprovado também pelo plenário da Câmara dos Deputados, se reuniram para agradecer rezando em frente ao Congresso. Simbolicamente, a lei anima o “exército” dedicado à guerra às drogas, endurecendo a repressão aos usuários, uma das principais bandeiras das bancadas religiosas. Na prática, fortalece as comunidades terapêuticas – em geral, clínicas antidrogas ligadas a religiosos, algumas com acusações de maus tratos –, e facilita a internação involuntária de dependentes químicos. Apelidada de Rouanet das Clínicas, a medida abre ainda possibilidade de dedução de 30% do Imposto de Renda em doações para as comunidades terapêuticas. Não é a toa que quem mais comemorou a aprovação da matéria foram os representantes das ‘clínicas’ religiosas. A nova lei transforma as comunidades terapêuticas em protagonistas no atendimento a usuários de drogas, ampliando o financiamento público que recebem. As diretrizes do SUS, até então, indicavam a internação neste tipo de clínica como um último recurso, estimulando primeiro que os usuários fossem acompanhados pela Rede de Atenção Psicossocial – conjunto de serviços do SUS que oferece assistência social, psicológica e psiquiátrica gratuitamente. Um total de zero artigos aborda mecanismos de fiscalização ou avaliação dos tratamentos oferecidos pelas clínicas. Na prática, como faltam serviços da rede em diversas cidades, em muitos locais as comunidades terapêuticas se consolidaram como única oferta de tratamento. Hoje, existem mais de 1.800 entidades do tipo espalhadas pelo país. No projeto aprovado pelo Senado – a toque de caixa, para evitar ser minado por uma possível aprovação da descriminalização do porte de drogas no STF –, três artigos, nove parágrafos e 124 linhas detalham as novas formas de financiamento para as clínicas terapêuticas. E um total de zero artigos, parágrafos ou linhas aborda mecanismos de fiscalização ou avaliação dos tratamentos oferecidos. Ou seja, são concedidos uma série de benefícios às comunidades terapêuticas sem sequer determinar uma estrutura regulatória para esse tipo de clínica. “[Não há] nenhuma precisão conceitual, a própria definição do que é uma comunidade terapêutica é vaga”, diz o pesquisador Maurício Fiore, fundador do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos, que estuda o uso de drogas e suas implicações. O texto também não detalha critérios de qualidade para a prestação dos serviços terapêuticos. Não estão lá informações básicas, como, por exemplo, qual deve ser a formação profissional da equipe que atende os usuários de drogas. Ou como o governo vai fiscalizar irregularidades nas clínicas. Ao menos R$ 17,5 milhões foram destinados a 20 comunidades terapêuticas denunciadas pelo MPF nos últimos 5 anos. Espalhadas pelo país, muitas comunidades terapêuticas funcionam de forma ilegal, longe das vistas da fiscalização – como mostramos em fevereiro, ao mostrar como uma comunidade foi fechada após denúncias de torturas, violência física e trabalhos forçados. A clínica, Centradeq-Credeq, era conveniada com a prefeitura de seis municípios mineiros e habilitada a receber verbas federais no interior de Minas Gerais. Nos últimos cinco anos, 390 clínicas deste tipo receberam verbas federais, segundo dados obtidos via Lei de Acesso à Informação. Mais da metade, porém (59%), não passaram por nenhuma inspeção nesse período. Esse ano, por sinal, apesar de o governo ter aumentado o número de comunidades terapêuticas contratadas, nenhuma inspeção foi feita ainda. O próprio Ministério Público Federal denuncia os riscos das falta de fiscalização nessas entidades. No ano passado, um relatório elaborado pelo órgão em conjunto com o Conselho Federal de Psicologia denunciou desde casos de violência física até situações de trabalho análogo à escravidão em 28 clínicas nas cinco regiões do país. Apesar das denúncias feitas pelo MPF, o governo segue repassando verba para entidades irregulares. Ao menos R$ 17,5 milhões foram destinados a 20 comunidades terapêuticas denunciadas pelo órgão nos últimos cinco anos. Questionado sobre como serão coibidas as ilegalidades praticadas por clínicas que recebem as verbas federais, o atual Secretário de Cuidados e Prevenção às Drogas do Ministério da Cidadania, Quirino Cordeiro Júnior, responsável pelas clínicas, declarou que uma equipe foi contratada para iniciar fiscalizações nas clínicas a partir de junho.

Chats da Lava Jato revelam que procuradores reclamavam de violações éticas de Moro e temiam que operação perdesse toda credibilidade com sua ida ao governo Bolsonaro

Procuradores do Ministério Público Federal, em mensagens privadas trocadas em grupos com integrantes da Lava Jato, criticaram Sergio Moro duramente pelo que consideraram uma agenda pessoal e política do juiz. Eles foram além no decorrer e logo depois da campanha eleitoral de 2018: para os procuradores, Moro infringia sistematicamente os limites da magistratura para alcançar o que queria. “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, disse a procuradora Monique Cheker em 1º de novembro, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça. Integrantes da força-tarefa da Lava Jato lamentavam que, ao aceitar o cargo (algo que ele havia prometido jamais fazer), Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação. Os óbvios questionamentos éticos envolvidos na ida do juiz ao ministério poderiam, afinal, dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas. Uma vez que o alinhamento de Moro com o bolsonarismo se tornou claro, até os maiores apoiadores do ex-juiz dentro da Lava Jato passaram a expressar um descontentamento antigo com as transgressões dele. Mesmo o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (que sempre defendeu Moro), e o decano do grupo, Carlos Fernando dos Santos Lima, íntimo do então juiz, confessaram preferir que ele não aderisse ao governo Bolsonaro. 95 Ilustração: João Brizzi e Rodrigo Bento/The Intercept Brasil; Marcelo Camargo/Agência Brasil Glenn Greenwald, Rafael Moro Martins, Leandro Demori, Victor Pougy 29 de Junho de 2019, 1h01 As mensagens secretas da Lava JatoAs mensagens secretas da Lava Jato Parte 8 Às vésperas de Moro aceitar convite para o Ministério da Justiça, procuradores do MPF discutiam como ingresso do juiz na política podia legitimar críticas à Lava Jato. ABRIR TODAS AS PARTES Procuradores do Ministério Público Federal, em mensagens privadas trocadas em grupos com integrantes da Lava Jato, criticaram Sergio Moro duramente pelo que consideraram uma agenda pessoal e política do juiz. Eles foram além no decorrer e logo depois da campanha eleitoral de 2018: para os procuradores, Moro infringia sistematicamente os limites da magistratura para alcançar o que queria. “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, disse a procuradora Monique Cheker em 1º de novembro, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça. Integrantes da força-tarefa da Lava Jato lamentavam que, ao aceitar o cargo (algo que ele havia prometido jamais fazer), Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação. Os óbvios questionamentos éticos envolvidos na ida do juiz ao ministério poderiam, afinal, dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas. Assine nossa newsletter Conteúdo exclusivo. Direto na sua caixa de entrada. Eu topo Uma vez que o alinhamento de Moro com o bolsonarismo se tornou claro, até os maiores apoiadores do ex-juiz dentro da Lava Jato passaram a expressar um descontentamento antigo com as transgressões dele. Mesmo o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (que sempre defendeu Moro), e o decano do grupo, Carlos Fernando dos Santos Lima, íntimo do então juiz, confessaram preferir que ele não aderisse ao governo Bolsonaro. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participa da cerimônia de entrega do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participa da cerimônia de entrega do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Um dia antes do anúncio de Moro, em 31 de outubro, quando circulavam fortes boatos de que Moro participaria do governo Bolsonaro, a procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, escreveu no grupo Filhos do Januario 3: “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.” A procuradora Laura Tessler, também da força-tarefa, concordou com a avaliação: “Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro.” Viecili completou: “E queimando o moro queima a LJ”. Outro procurador da operação, Antônio Carlos Welter, enfatizou que a postura de Moro era “incompatível com a de Juiz”: 31 de outubro de 2018 – Filhos do Januario 3 Isabel Groba – 09:24:41 – É o fim ir se encontrar com Bolsonaro e semana que vem ir interrogar o Lula. Jerusa Viecili – 09:25:20 – Concordo com tudo, Isabel! Laura Tessler – 09:25:27 – Tb! Laura Tessler – 09:26:01 – Pelo amor de Deus!!!! Alguém fala pro Moro não ir encontrar Bolsonaro!!! Antônio Carlos Welter – 09:44:35 – Deltan Min do STF é um cargo no judiciário, que seria o reconhecimento máximo na carreira. Como ministro da justiça vai ter que explicar todos os arroubos do presidente, vai ter que engolir muito sapo e ainda vai ser profundamente criticado por isso. Veja que um dos fundamentos do pedido feito ao comitê da Onu para anular o processo do Lula é justamente o de falta de parcialidade do juiz. E logo após as eleições ele é convidado para ser Ministro. Se aceitar vai confirmar para muitos a teoria da conspiração. Vai ser um prato cheio. As vezes, o convite, ainda que possa representar reconhecimento (merecido), vai significar para muita gente boa e imparcial, que nos apoia, sem falar da imprensa e o PT, uma virada de mesa, de postura, incompatível com a de Juiz. No dia seguinte, 1º de novembro, quando ficou claro que Moro seria anunciado como ministro da Justiça, outros procuradores do MPF não envolvidos com a Lava Jato aderiram ao coro. Conversando no grupo BD, do qual faziam parte procuradores de vários estados, eles dispararam duras críticas ao ex-juiz: 1º de novembro de 2018 – BD Ângelo – 10:00:07 – Cara, eu não confio no Moro, não. Em breve vamos nos receber cota de delegado mandando acrescentar fatos à denúncia. E, se não cumprirmos, o próprio juiz resolve. Rs. Monique – 10:00:30 – Olha, penso igual. Monique – 10:01:36 – Moro é inquisitivo, só manda para o MP quando quer corroborar suas ideias, decide sem pedido do MP (variasssss vezes) e respeitosamente o MPF do PR sempre tolerou isso pelos ótimos resultados alcançados pela lava jato Ângelo – 10:02:13 – Ele nos vê como “mal constitucionalmente necessário”, um desperdício de dinheiro. Monique – 10:02:30 – Se depender dele, seremos ignorados. Ângelo – 10:03:02 – Afinal, se já tem juiz, por que outro sujeito processual com as mesmas garantias e a mesma independência? Duplicação inútil. E ainda podendo encher o saco. Monique – 10:03:43 – E essa fama do Moro é antiga. Desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele já atuava assim. Alguns colegas do MPF do PR diziam que gostavam da pro atividade dele, que inclusive aprendiam com isso. Ângelo – 10:04:30 – Fez umas tabelinhas lá, absolvendo aqui para a gente recorrer ali, mas na investigação criminal – a única coisa que interessa -, opa, a dupla polícia/ juiz eh senhora. Monique – 10:04:31 – Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados. É particularmente significativo que procuradores tenham chamado algumas absolvições de Moro de “tabelinhas” – destinadas a criar uma falsa percepção de imparcialidade –, já que as absolvições haviam sido citadas pelo ex-juiz e por Deltan Dallagnol justamente para refutar acusações de que Moro era o verdadeiro chefe dos procuradores. Quando Moro foi finalmente confirmado como ministro da Justiça, o procurador Sérgio Luiz Pinel Dias, que atua na Lava Jato no Rio de Janeiro, digitou no grupo MPF GILMAR MENDES que, daquele momento em diante, seria muito difícil “afastar a imagem de que a LJ integrou o governo de Bolsonaro”: 1º de novembro de 2018 – Grupo MPF GILMAR MENDES Thaméa Danelon – 10:19:01 – Bom dia pessoal. Qual a opinião de vcs sobre Moro no MJ? José Augusto Simões Vagos – 10:44:57 – Acho inoportuno Sérgio Luiz Pinel Dias – 10:50:51 – Thamea e colegas, pessoalmente acho ruim para o legado da LJ, por melhor que sejam as intenções dele de tentar influir por dentro. . . . Para mim, LJ, além de ser um símbolo, é um método de atuação das nossas instituições, que nos permitiu, até aqui, surfar juntos em uma excelente onda. Mas será difícil, muito difícil, hoje e provavelmente no futuro, com a assunção de Moro ao MJ, afastar a imagem de que a LJ integrou o governo de Bolsonaro. Vejo, por esse motivo, com muita preocupação esse passo do Moro. Mônica Campos de Ré – 10:54:12 – Concordo! A procuradora Isabel Cristina Groba Vieira, da Lava Jato em Curitiba, opinou no grupo Filhos do Januario 3: “É realmente péssimo. O nome da LJ não pode ser conspurcado.” ‘ERRO CRASSO’ 95 Ilustração: João Brizzi e Rodrigo Bento/The Intercept Brasil; Marcelo Camargo/Agência Brasil Glenn Greenwald, Rafael Moro Martins, Leandro Demori, Victor Pougy 29 de Junho de 2019, 1h01 As mensagens secretas da Lava JatoAs mensagens secretas da Lava Jato Parte 8 Às vésperas de Moro aceitar convite para o Ministério da Justiça, procuradores do MPF discutiam como ingresso do juiz na política podia legitimar críticas à Lava Jato. ABRIR TODAS AS PARTES Procuradores do Ministério Público Federal, em mensagens privadas trocadas em grupos com integrantes da Lava Jato, criticaram Sergio Moro duramente pelo que consideraram uma agenda pessoal e política do juiz. Eles foram além no decorrer e logo depois da campanha eleitoral de 2018: para os procuradores, Moro infringia sistematicamente os limites da magistratura para alcançar o que queria. “Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados”, disse a procuradora Monique Cheker em 1º de novembro, uma hora antes de o ex-juiz anunciar ter aceito o convite de Jair Bolsonaro para se tornar ministro da Justiça. Integrantes da força-tarefa da Lava Jato lamentavam que, ao aceitar o cargo (algo que ele havia prometido jamais fazer), Moro colocou em eterna dúvida a legitimidade e o legado da operação. Os óbvios questionamentos éticos envolvidos na ida do juiz ao ministério poderiam, afinal, dar maior credibilidade às alegações de que a Lava Jato teria motivações políticas. Assine nossa newsletter Conteúdo exclusivo. Direto na sua caixa de entrada. Eu topo Uma vez que o alinhamento de Moro com o bolsonarismo se tornou claro, até os maiores apoiadores do ex-juiz dentro da Lava Jato passaram a expressar um descontentamento antigo com as transgressões dele. Mesmo o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol (que sempre defendeu Moro), e o decano do grupo, Carlos Fernando dos Santos Lima, íntimo do então juiz, confessaram preferir que ele não aderisse ao governo Bolsonaro. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participa da cerimônia de entrega do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, participa da cerimônia de entrega do Selo Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Um dia antes do anúncio de Moro, em 31 de outubro, quando circulavam fortes boatos de que Moro participaria do governo Bolsonaro, a procuradora Jerusa Viecili, integrante da força-tarefa em Curitiba, escreveu no grupo Filhos do Januario 3: “Acho péssimo. Só dá ênfase às alegações de parcialidade e partidarismo.” A procuradora Laura Tessler, também da força-tarefa, concordou com a avaliação: “Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro.” Viecili completou: “E queimando o moro queima a LJ”. Outro procurador da operação, Antônio Carlos Welter, enfatizou que a postura de Moro era “incompatível com a de Juiz”: 31 de outubro de 2018 – Filhos do Januario 3 Isabel Groba – 09:24:41 – É o fim ir se encontrar com Bolsonaro e semana que vem ir interrogar o Lula. Jerusa Viecili – 09:25:20 – Concordo com tudo, Isabel! Laura Tessler – 09:25:27 – Tb! Laura Tessler – 09:26:01 – Pelo amor de Deus!!!! Alguém fala pro Moro não ir encontrar Bolsonaro!!! Antônio Carlos Welter – 09:44:35 – Deltan Min do STF é um cargo no judiciário, que seria o reconhecimento máximo na carreira. Como ministro da justiça vai ter que explicar todos os arroubos do presidente, vai ter que engolir muito sapo e ainda vai ser profundamente criticado por isso. Veja que um dos fundamentos do pedido feito ao comitê da Onu para anular o processo do Lula é justamente o de falta de parcialidade do juiz. E logo após as eleições ele é convidado para ser Ministro. Se aceitar vai confirmar para muitos a teoria da conspiração. Vai ser um prato cheio. As vezes, o convite, ainda que possa representar reconhecimento (merecido), vai significar para muita gente boa e imparcial, que nos apoia, sem falar da imprensa e o PT, uma virada de mesa, de postura, incompatível com a de Juiz. No dia seguinte, 1º de novembro, quando ficou claro que Moro seria anunciado como ministro da Justiça, outros procuradores do MPF não envolvidos com a Lava Jato aderiram ao coro. Conversando no grupo BD, do qual faziam parte procuradores de vários estados, eles dispararam duras críticas ao ex-juiz: 1º de novembro de 2018 – BD Ângelo – 10:00:07 – Cara, eu não confio no Moro, não. Em breve vamos nos receber cota de delegado mandando acrescentar fatos à denúncia. E, se não cumprirmos, o próprio juiz resolve. Rs. Monique – 10:00:30 – Olha, penso igual. Monique – 10:01:36 – Moro é inquisitivo, só manda para o MP quando quer corroborar suas ideias, decide sem pedido do MP (variasssss vezes) e respeitosamente o MPF do PR sempre tolerou isso pelos ótimos resultados alcançados pela lava jato Ângelo – 10:02:13 – Ele nos vê como “mal constitucionalmente necessário”, um desperdício de dinheiro. Monique – 10:02:30 – Se depender dele, seremos ignorados. Ângelo – 10:03:02 – Afinal, se já tem juiz, por que outro sujeito processual com as mesmas garantias e a mesma independência? Duplicação inútil. E ainda podendo encher o saco. Monique – 10:03:43 – E essa fama do Moro é antiga. Desde que eu estava no Paraná, em 2008, ele já atuava assim. Alguns colegas do MPF do PR diziam que gostavam da pro atividade dele, que inclusive aprendiam com isso. Ângelo – 10:04:30 – Fez umas tabelinhas lá, absolvendo aqui para a gente recorrer ali, mas na investigação criminal – a única coisa que interessa -, opa, a dupla polícia/ juiz eh senhora. Monique – 10:04:31 – Moro viola sempre o sistema acusatório e é tolerado por seus resultados. É particularmente significativo que procuradores tenham chamado algumas absolvições de Moro de “tabelinhas” – destinadas a criar uma falsa percepção de imparcialidade –, já que as absolvições haviam sido citadas pelo ex-juiz e por Deltan Dallagnol justamente para refutar acusações de que Moro era o verdadeiro chefe dos procuradores. Quando Moro foi finalmente confirmado como ministro da Justiça, o procurador Sérgio Luiz Pinel Dias, que atua na Lava Jato no Rio de Janeiro, digitou no grupo MPF GILMAR MENDES que, daquele momento em diante, seria muito difícil “afastar a imagem de que a LJ integrou o governo de Bolsonaro”: 1º de novembro de 2018 – Grupo MPF GILMAR MENDES Thaméa Danelon – 10:19:01 – Bom dia pessoal. Qual a opinião de vcs sobre Moro no MJ? José Augusto Simões Vagos – 10:44:57 – Acho inoportuno Sérgio Luiz Pinel Dias – 10:50:51 – Thamea e colegas, pessoalmente acho ruim para o legado da LJ, por melhor que sejam as intenções dele de tentar influir por dentro. . . . Para mim, LJ, além de ser um símbolo, é um método de atuação das nossas instituições, que nos permitiu, até aqui, surfar juntos em uma excelente onda. Mas será difícil, muito difícil, hoje e provavelmente no futuro, com a assunção de Moro ao MJ, afastar a imagem de que a LJ integrou o governo de Bolsonaro. Vejo, por esse motivo, com muita preocupação esse passo do Moro. Mônica Campos de Ré – 10:54:12 – Concordo! A procuradora Isabel Cristina Groba Vieira, da Lava Jato em Curitiba, opinou no grupo Filhos do Januario 3: “É realmente péssimo. O nome da LJ não pode ser conspurcado.” ‘ERRO CRASSO’ Legenda. Foto: Evaristo Sá/AFP/Getty Images AS CRÍTICAS A MORO vinham se acumulando desde muito antes do anúncio oficial de que ele seria empregado de um presidente de trajetória marcada por apologia à tortura, à ditadura e a declarações misóginas e homofóbicas. A três dias do segundo turno das eleições, em 25 de outubro, os procuradores Jerusa Viecili e Paulo Roberto Galvão lamentaram que Moro e que a própria força-tarefa passassem a impressão de favorecer a candidatura de Bolsonaro. Galvão se mostrava especialmente preocupado com o silêncio da força-tarefa em relação às declarações do político contra a liberdade de imprensa e ao seu desprezo pelo devido processo legal. Essas posições eram criticadas pela Lava Jato quando verbalizadas por outros políticos. Galvão se incomodava também com o silêncio dos colegas frente aos ataques dirigidos contra os protestos anti-Bolsonaro que ocorriam em universidades, assim como Jerusa Viecili: 25 de outubro de 2018 – grupo Filhos do Januário 3 Jerusa Viecili – 14:45:52 – Pessoal, desculpem voltar ao assunto (sou voto vencido), mas, somente esta semana, várias pessoas, inclusive alguns colegas e servidores, me questionaram a ausência de manifestação da FT diante de alguns posicionamentos dos candidatos à presidência. Fato é que sempre nos posicionamos diante de várias ameaças ao nosso trabalho e, nos últimos dias, temos ficado silentes, mesmo com ameaças de candidatos à independência do Ministério Público (nomeação de PGR fora da lista tríplice) e à liberdade de imprensa. Em outros tempos, por motivos outros, mas igualmente relevantes e perigosos, divulgamos nota, convocamos coletiva e ameaçamos renunciar (!). Agora, jornalistas escrevem no Twitter que a LAVA JATO é caso de desaparecido político, pois já alcançou o que queria. Acho muito grave ficarmos em silêncio quando um dos candidatos manifesta-se contra a nomeação do PGR da lista tríplice, diante de questões ideológicas. Mais grave ainda, assistirmos passivamente, ameaças à liberdade de imprensa quando nós somos os primeiros a afirmar a importância da imprensa para o sucesso da Lava Jato. Igualmente grave, candidatos divulgarem nomes de futuros ministros que são alvos de investigações e processos por corrupção. Nossa omissão também tem peso e influência. Eu sinceramente não quero (e isso a penas a história dirá) que a Lava Jato seja vista, no futuro, como perseguição ao PT e, muito menos, como co-responsável pelos acontecimentos eleitorais de 2018. . . . Três horas depois, o procurador Paulo Roberto Galvão disse no mesmo grupo: “Pessoal, nós somos procuradores da República. Cumprimos a nossa função no combate à corrupção, e não poderíamos ter feito diferente, ainda que soubéssemos que daí poderia advir um eleito antidemocrático (e sabíamos pois estudamos e conhecíamos o risco Berlusconi)”. Para ele, a força-tarefa não poderia ser acusada de ter tentando influenciar as eleições presidenciais, porque só fez o seu trabalho. “Infelizmente, Moro indiretamente e Carlos Fernando diretamente erraram ao deixar transparecer preferência (o primeiro) ou dizer abertamente de sua preferência (o segundo)”, ponderou. Um dia depois, Jerusa Viecili insistiu no assunto: “Já desvirtuam o que falamos contra a corrupção ser a favor do Bolsonaro. mas não vou mais insistir. o fato é que a FT sempre comentou tudo (desde busca e apreensão em favela, lei de abuso de autoridade, anistia, indulto, panelinha, etc …) e agora não comenta independencia do MP, liberdade de imprensa e BA em universidade”. MORO ASSUME, AS RECLAMAÇÕES AUMENTAM NA NOITE DO SEGUNDO TURNO, antes de ser anunciado o resultado, procuradores da Lava Jato e outros membros do MPF se mostraram irritados no grupo BD com a esposa de Moro. Mesmo depois de o ex-juiz já ter “cumpriment[ado] o eleito”, Rosângela comemorou explicitamente a vitória de Bolsonaro em suas redes sociais: 28 de outubro de 2018 – grupo BD Alan Mansur PRPA – 20:21:05 – Esposa de Moro comemorando a vitória de Bolso nas redes José Robalinho Cavalcanti – 20:21:29 – Erro crasso. José Robalinho Cavalcanti – 20:22:09 – Compromete moro. E muito Janice Agostinho Barreto Ascari – 20:25:30 – Moro já cumprimentou o eleito. Como perde a chance de ficar de boa, pqp Luiz Fernando Lessa – 20:25:56 – esse povo do interior Luiz Fernando Lessa – 20:26:02 – é muito simplório Confirmada a vitória de Bolsonaro, o procurador Luiz Fernando Lessa ironizou a ânsia de Moro em fazer parte do governo. Ainda no grupo BD, ele se dirigiu ao então presidente da Associação Nacional de Procuradores da República, José Robalinho Cavalcanti: “Robalinho, já tem lugar na posse, do lado do Mourão? Com as tuas medalhas?” As críticas à parcialidade e ao partidarismo do juiz foram se intensificando à medida que a especulação acerca de um cargo para Moro no governo Bolsonaro aumentava. Comentando uma postagem do site O Antagonista, que tratava de uma suposta intenção de Bolsonaro de nomear Moro ao STF e integrar a força-tarefa ao governo sob um “conselhão” a ser presidido por Deltan Dallagnol, o procurador Paulo Galvão reclamou no grupo Filhos do Januario 3: “impressionante como toda vez que moro fala fora dos autos fala bobagem.” Quando Laura Tessler respondeu com uma defesa moderada de Moro (“Ele quis estancar os boatos, mas sem fechar as portas”), Jerusa Viecili respondeu: “o ‘sem fechar as portas’ é que é perigoso para um juiz.” No dia 31 de outubro, véspera do anúncio, a preocupação dos procuradores deu lugar à raiva e até pânico quando foi postado no grupo Winter is Coming um artigo de O Globo com a notícia que Moro viajaria ao Rio de Janeiro para um encontro com Bolsonaro na casa do presidente recém-eleito. Enquanto o sempre leal Deltan defendia Moro sozinho, os outros procuradores manifestavam sua indignação: 31 de outubro de 2018 – Winter is Coming Janice Ascari – 08:06:11 – Moro se perdeu na vaidade. Que pena. João Carlos de Carvalho Rocha – 08:10:31 – Ele se perdeu e pode levar a Lava Jato junto. Com essa adesão ao governo eleito toda a operação fica com cara de “República do Galeão”, uma das primeiras erupções do moralismo redentorista na política brasileira e que plantou as sementes para o que veio dez anos depois. Às 9h36, Ascari completaria, no mesmo grupo: “Se Moro topar ser MJ, para mim será a sinalização de estar de olho na próxima campanha presidencial.” Simultaneamente, o assunto mobilizava o grupo Filhos do Januario 3. 31 de outubro de 2018 – Filhos do Januario 3 Jerusa Viecili – 08:48:20 – Espero que não seja verdade Jerusa Viecili – 08:48:20 – https://glo.bo/2JrHJrR Deltan Dallagnol – 08:51:47 – Ótima decisão pras leniências tb Deltan Dallagnol – 08:52:47 – Ele vai checar lá. Ficou 1 ano sozinho. Acho que pessoal será sensível, mas veremos Deltan Dallagnol – 08:54:16 – Acho que não vai converter nem desconverter ng do que já acha sobre a LJ, nesse ponto Jerusa Viecili – 08:55:38 – Não é sobre converter as pessoas. É sobre preservar a LJ. Laura Tessler – 08:57:25 – Tb acho péssimo. MJ nem pensar… além de ele não ter poder para fazer mudanças positivas, vai queimar a LJ. Já tem gente falando que isso mostraria a parcialidade dele ao julgar o PT. E o discurso vai pegar. Péssimo. E Bozo é muito mal visto… se juntar a ele vai queimar o Moro Jerusa Viecili – 08:59:58 – E queimando o moro queima a LJ Isabel Groba – 09:18:58 – É realmente péssimo. O nome da LJ não pode ser conspurcado. Andrey Mendonça – 09:19:27 – Para ministro do stf, acho otimo. Para ministro da justiça acho que vai dar azo – com razão – a argumentos de politização da lava jato. Andrey Mendonça – 09:20:24 – Lembro de um promotor italiano em um artigo q falava sobre maos limpas. Terminava dizendo: e nunca entrem na política Isabel Groba – 09:22:30 – Isso! E pra ser Ministro do STF precisa abrir vaga. Então, ainda que em futuro próximo, isso ficaria para um momento posterior. E, depois, como Ministro pode rechaçar medidas reacionárias que venham. Isabel Groba – 09:23:17 – Como Ministro do STF À medida que apareciam na imprensa as notícias de que Moro estava negociando com Bolsonaro um superministério com poderes expandidos, o procurador Ângelo Augusto Costa chamou a atenção do grupo BD para o precedente perigoso que estava sendo criado: “Não eh muita coisa? Acho que o próprio Bolsonaro vai ficar com medo. Rs. Isso sem falar de quem vem depois. Moro, ok, mas nada eh eterno. Esse super MJ pode virar uma máquina de perseguição política.” Mesmo os poucos defensores que o juiz ainda tinha passaram a admitir o que era antes impensável assim que a notícia de que ele havia aceitado o ministério se espalhou: as constantes reclamações do PT – de perseguição por parte da Lava Jato e de partidarismo e motivação política por parte de Moro – ganhariam credibilidade, e que todo o trabalho da Lava Jato seria contaminado pela aventura política de Moro: 1º de novembro de 2018 – grupo BD Monique Cheker – 10:50:46 – Um general da ativa não teria “argumento de autoridade” para atropelar o sistema acusatório. Moro fará com diploma em Harvard e com o nome da lava jato. Monique Cheker – 10:51:23 – Mas concordo com a fala de Robalinho de que já passamos coisas piores Janice Ascari – 10:55:15 – Moro aceitou Janice Ascari – 10:55:19 – https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/moro-aceita-ministerio/?utm_source=twitter:newsfeed&utm_medium=social-organic&utm_campaign=redes-sociais:112018:e&utm_content=:::&utm_term= Luiza – 10:56:16 – Moro aceitou Alan Mansur – 10:57:25 – GloboNews diz que Moro aceitou e fará uma nota daqui a pouco Monique Cheker – 11:00:03 – Pessoal da AGU surtando… Monique Cheker – 11:00:03 – “@onyxlorenzoni Deputado. A AGU é função essencial à Justiça prevista na CF. Não precisa ser vinculada a nenhum ministério. @jairbolsonaro” Monique Cheker – 11:00:03 – TT que estão espalhando Ângelo Augusto Costa – 11:00:39 – De alegria, né? Ângelo Augusto Costa – 11:00:51 – Próximo passo eh lista tríplice Alan Mansur – 11:00:56 – Tem toda a técnica e conhecimento para ser um excelente ministro da Justiça. E tentar colocar em prática tudo que ele acredita. Porém, o fato de ter aceitado, neste momento, entrar na política e desta forma, é muito ruim pra imagem de imparcialidade do sistema de justiça e MP em geral. Alan Mansur – 11:01:59 – Será ainda mais marcado por parcialidade. E sempre ficará o comentário, Moro fez tudo isso para assumir o poder. Alan Mansur – 11:02:46 – Pelo lado da técnica, ele será um excelente Ministro e acho que vai ajudar em muito a organização do sistema. Mas teremos que lidar com esta crítica constante Minutos depois, os procuradores do grupo BD começaram a se preocupar em como a nomeação de Moro serviria de munição para o PT contra a Lava Jato. “Acho que o PT deve estar em festa agora, para justificar todo o discurso deles”, escreveu Alan Mansur. Peterson de Paula Pereira, procurador da República no Distrito Federal, disse que a decisão de Moro mostrava como ele atuava contra o ex-presidente Lula: “Fica claro que ele tinha Lula como troféu”. Para Monique Cheker, o movimento do ex-juiz passava uma imagem de que ele estava fazendo uma “escadinha” política com a Lava Jato: 1º de novembro de 2018 – grupo BD Monique Cheker – 11:27:01 – Diferente se fosse ao STF direto. Seria perfeito. Políticos precisam obedecer prazos de desincompatibilidade. Por que não juízes e membros do MP? O distanciamento é importante numa república. Não basta ser honesto, tem que parecer honesto. Enfim. Alan Mansur 11:28:04 – [imagem não encontrada] Monique Cheker – 11:28:23 – E a “escadinha” disso tudo foi terrível: Moro ajudou a derrubar a esquerda, sua esposa fez propaganda para Bolsonaro e ele agora assume um cargo político. Não podemos olhar isso e achar natural Em 6 de novembro, dias depois de Moro ter aceitado o convite, mesmo Deltan Dallagnol, o procurador mais leal a Moro, confessou estar preocupado com os danos causados à reputação e à credibilidade do trabalho realizado por cinco anos pela operação Lava Jato. Ele e a procuradora Janice Ascari concordaram em uma conversa entre os dois que a conduta de Moro gerava “uma preocupação sobre alegações de parcialidade que virão”. Mesmo assim, os dois continuariam a defendê-lo. 6 de novembro de 2018 – chat privado Deltan Dallagnol – 11:50:41 – Jan, não sei qual sua posição sobre a saída do Moro pro MJ, mas temos uma preocupação sobre alegações de parcialidade que virão. Não acredito que tenham fundamento, mas tenho medo do corpo que isso possa tomar na opiniã pública. Na minha perspectiva pessoal, hoje, Moro e LJ estão intimamente vinculados no imaginário social, então defender o Moro é defender a LJ e vice-versa. Ainda que eu tenha alguma ponderação pessoal sobre a saída dele, que fiz diretamente a ele, é algo que seria importante – se Vc concordar – defender… Quanto à delação do Palocci, tema em que podem entrar, expliquei essa questão na minha entrevista da Folha de umas semanas atrás, não sei se chegou a ver, então mando aqui… bjus https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/10/deltan-dallagnol-critica-discurso-hipocrita-a-favor-da-lava-jato.shtml Janice Ascari – 12:55:05 – Oi querido, nosso pensamento é convergente. Também me preocupo com esse aspecto da parcialidade dele, porque põe em dúvida, também, o trabalho do MPF. Pretendo, além de, claro, defender a LJ como sempre faço (até quando não concordo com algumas coisas rsrs), mostrar que o Ministério da Justiça tem muita coisa com que se preocupar além da LJ, que continuará com Moro ou sem Moro. Num outro grupo integrado por procuradores e assessores de imprensa da força-tarefa no Paraná, um dos jornalistas revela que Carlos Fernando dos Santos Lima “torcia” para que Moro recusasse o convite do presidente de extrema-direita: “CF mesmo, disse estar torcendo pra ele não aceitar”. “Creio que o que eu tinha para falar, já está falado. Agora é rezar para que ele não aceite”, prosseguiu Santos Lima, de acordo com o relato de seu assessor. Em resposta a nossos contatos, o porta-voz da força-tarefa da Lava Jato enviou o que já se tornou sua resposta padrão, evitando qualquer comentário sobre o conteúdo da reportagem e preferindo insinuar falsa e levianamente que as conversas podem não ser autênticas: “O trecho do material enviado à Força-Tarefa não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo. Autoridades públicas foram alvo de ataque hacker criminoso, o que torna impossível aferir se houve edições no material alegadamente obtido. A Lava Jato é sustentada com base em provas robustas e em denúncias consistentes, analisadas e validadas por diferentes instâncias do Judiciário. Os integrantes da Força-Tarefa pautam suas ações pessoais e profissionais pela ética e pela legalidade.” A procuradora Monique Cheker disse que “não tem registro da mensagem enviada e, portanto, não reconhece a suposta manifestação”. “A procuradora ainda afirma que são públicas e notórias as incontáveis manifestações de apoio à operação Lava Jato e ao então juiz Sérgio Moro”, acrescentou sua assessoria. O procurador regional da República Luiz Fernando Lessa esclareceu que, desde recentes ataques ao Telegram, não possui mais o aplicativo nem as mensagens trocadas por meio dele, de modo que não reconhece as mensagens. Demais procuradores que não fazem parte da força-tarefa foram procurados e não responderam até a publicação deste texto. Eventuais comentários serão publicados se forem enviados ao Intercept. O Intercept publicou a primeira reportagem sobre a #VazaJato há menos de três semanas. Desde então, o trabalho jornalístico realizado pelo Intercept – bem como pela Folha de S.Paulo e pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da BandNews – demonstrou de forma clara que Sergio Moro violou repetidamente as normas éticas da magistratura, não exercendo seu poder judicial “pautado pela ética e pela legalidade”, mas cometendo diversos desvios éticos e atropelando os procedimentos legais. Ao passo que essas revelações chocaram boa parte dos brasileiros, a imagem que emerge das conversas é que, entre os procuradores, o comportamento antiético e politizado de Moro já era há muito conhecido. Quando ficou claro que os desvios de Moro poderiam causar prejuízos ao trabalho da força-tarefa, os procuradores passar a expressar suas críticas – ao menos quando pensavam estar falando de forma privada – de forma bastante clara, sincera e raivosa. Correção em 29 de junho de 2019, 9h40 Devido a um erro de formatação, marcamos uma conversa do grupo BD como se ele tivesse ocorrido em 1º de novembro de 2019, quando, na verdade, era 1º de novembro de 2018. Isso já foi corrigido.

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Ouro de tolo!!! Esse é o Nióbio: o que é o metal exaltado por Jair Bolsonaro O minério que ganhou fama durante as eleições não será um salvador da pátria, mas ganhará cada vez mais destaque na indústria global Por: @Portal de Noticia Brasil com @Galilei sexta-feira 28 de Junho, @Judimar J Santos Do Vale do Silício, o maior polo de inovação tecnológica do planeta, todo mundo já ouviu falar. Foi lá, na Califórnia, que nasceram empresas como Google, Facebook e Apple. Mas e o Vale do Nióbio: alguém saberia dizer o que é ou onde fica? Bem, se depender do presidente Jair Bolsonaro, será no município de Araxá, a 360 km de Belo Horizonte (MG). Em vídeo publicado na última semana de junho, Bolsonaro aparece mostrando as atribuições do metal para a fabricação de joias. A gravação foi feita em Osaka, no Japão, onde ele participava do encontro do G20. Na capital mineira funciona a sede da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a maior produtora de nióbio do mundo. Em julho de 2016, quando ainda era deputado federal, Bolsonaro visitou a sede da empresa e gravou um vídeo exaltando as virtudes do minério. “Isso pode nos dar independência econômica!”, declarou. Logo no começo do vídeo, ele explica que os 118 elementos químicos da tabela periódica podem ser encontrados em nosso país. O nióbio está ali, na quinta coluna, entre o zircônio e o molibdênio. De número atômico 41, é classificado como “metal de transição”: em poucas palavras, o minério deixa o aço (ainda) mais forte e resistente. Foi descoberto por Charles Hatchett (1765-1847) em 1801, quando o químico inglês analisava amostras de uma rocha do acervo do Museu Britânico, em Londres. Por ter vindo da Colúmbia Britânica, uma das dez províncias do Canadá, recebeu o nome de columbita. O metal ganhou seu nome definitivo em 1844 e apenas em 1949 foi reconhecido oficialmente como um elemento químico. Voltando ao Brasil do século 21, o metal pode nos transformar em superpotência, como acredita o novo presidente? O engenheiro de materiais Hugo Sandim, da Escola de Engenharia de Lorena (USP), acha difícil. “O nióbio não tem superpoderes. Sozinho, não vai resolver as mazelas nacionais.” Meu nome é nióbio! 1. LAÇOS DE FAMÍLIA De acordo com a mitologia grega, Níobe era filha de Tântalo e Dione e foi transformada em rocha por Zeus. Até a primeira metade do século 19 os cientistas acreditavam que o nióbio e o tântalo correspondiam ao mesmo elemento químico. 2. É DO BRASIL Foi o geólogo mineiro Djalma Guimarães (1894-1973) que descobriu a reserva de nióbio em Araxá (MG), em 1953. Entre outras proezas, ganhou o título de “Príncipe dos Geólogos” da cientista polonesa Marie Curie (1867-1934). 3. NA BOCA DO POVO Candidato a presidente em 1989, 1994 e 1998, Enéas Carneiro (1938-2007) foi o primeiro a usar o nióbio como trampolim eleitoral. Em 2005, chegou a dizer que, comparado ao roubo do minério, o mensalão era “mesada de trombadinha”. Quem são os donos do negócio Detentora de uma fortuna estimada em R$ 77 bilhões, a família Moreira Salles controla desde a década de 1960 a empresa que é a maior produtora de nióbio em todo o planeta. Em dezembro do ano passado, João e Walter, dois dos quatro irmãos Moreira Salles, avisaram que não pretendem “comprar” o Botafogo, seu clube do coração, porque não têm vocação para Roman Abramovich, o magnata russo que, em 2003, comprou o clube inglês Chelsea. Bem, não compram porque não querem. Se quisessem, poderiam. Fernando, Pedro, João e Walter são donos da CBMM e acionistas do Itaú, o maior banco da América Latina. A fortuna da família é estimada em R$ 77 bilhões. Tudo começou em 1965, quando Walther Moreira Salles (1912-2001), banqueiro e ex-embaixador do Brasil em Washington, tornou-se acionista majoritário das operações da CBMM em uma mina de nióbio em Araxá. Hoje, a família detém 70% das ações da empresa. Em 2011, os irmãos venderam uma participação de 30% — sendo 15% a um consórcio japonês-sul-coreano e 15% a um grupo de empresários chineses — por US$ 3,9 bilhões. Quanto vale a companhia que produz 80% do nióbio do planeta? Algo em torno de US$ 13 bilhões. Nióbio não falta As maiores reservas ativas de nióbio, em torno de 98,4%, estão no Brasil. Comendo poeira, Canadá e Austrália aparecem em segundo e terceiro lugares, respectivamente, com modestíssimos 1,11% e 0,46%. “O nióbio não é raro”, diz Eduardo Ribeiro, CEO da CBMM. “Há reservas na Rússia, nos EUA e em países do continente africano. Como o mercado é limitado, ainda não entraram em operação.” Por aqui, a extração é feita por duas empresas. Uma delas é a já citada CBMM, a maior produtora do mundo. A outra é a CMOC Brasil, subsidiária da China Molybdenum (CMOC), que fica em Catalão, a 256 km de Goiânia (GO). Os estados de Minas Gerais (cidades de Araxá e Tapira), Amazonas (São Gabriel da Cachoeira e Presidente Figueiredo) e Goiás (Catalão e Ouvidor) são os donos das maiores reservas nacionais. Estudos realizados por especialistas indicam que apenas em Araxá há ao menos 842 milhões de toneladas disponíveis do metal. O que isso quer dizer? É nióbio que não acaba mais! O suficiente para suprir a demanda mundial — que foi de 106 mil toneladas em 2018 — pelos próximos dois séculos. Ou seja, até 2219. Para efeito de comparação, a CBMM produziu 90 mil toneladas de produtos derivados do nióbio no ano passado. Extraído de uma mina a céu aberto, o minério puro é transformado em produtos acabados como ferronióbio, óxido de nióbio e nióbio metálico. Na CBMM, a mineração é apenas a primeira das 15 etapas necessárias, que incluem o refino, a metalurgia e a embalagem. Todos os dias, uma média de 250 toneladas de produtos de nióbio são despachadas para mais de 60 países: nove em cada dez compradores são indústrias que fabricam aço. Cheio de utilidades Não é qualquer elemento que pode ser usado tanto em uma ponte na França quanto em uma sonda espacial: especialistas destacam a versatilidade das aplicações do nióbio Você saberia dizer o que o telescópio espacial Hubble, projetado para tirar fotografias do Sistema Solar, tem a ver com o viaduto francês de Millau, que é suspenso por cabos e considerado o mais alto do planeta, com 343 metros de altura? Ou então com o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), o maior acelerador de partículas do mundo? Além de toda a tecnologia envolvida, esses projetos utilizaram nióbio em muitos de seus componentes. No caso do LHC, os cabos supercondutores, feitos de liga de nióbio e titânio (NbTi), preservam suas propriedades originais mesmo submetidos a altíssimas temperaturas. Já o peso do viaduto francês foi reduzido em 60% graças à adição de 0,025% de nióbio ao aço. E não para por aí. O metal pode ser encontrado em itens que vão de equipamentos médicos a reatores nucleares, de plataformas de petróleo a turbinas de avião. De acordo com a CMOC Brasil, segunda maior produtora do mundo, 34% do seu nióbio são usados na construção civil, 32% no setor de óleo e gás, 20% na indústria automotiva e 5% na indústria química. “O uso do metal tem aumentado por várias razões: versatilidade, vantagens econômicas e disponibilidade de suprimento a longo prazo”, avalia Edmilson Costa, coordenador de geologia e mineração do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). “Em muitos casos, a quantidade necessária para produzir melhorias significativas nas propriedades mecânicas do produto é mínima. Na fabricação de aço de alta resistência e baixa liga (ARBL), o nióbio é adicionado em quantidade que vai de 0,01% a 0,10%.” No ar, na terra Diferentes tipos de indústria se beneficiam com a aplicação do metal 1. Dutos de óleo e gás Por serem resistentes à corrosão e a altíssimas pressões, ligas de nióbio são aplicadas na fabricação de tubulações que transportam grande volume de hidrocarbonetos para abastecer distribuidoras de combustíveis. 2. Turbina de avião O ponto de fusão do nióbio é altíssimo: 2.468 °C. O que isso significa? Membro da família dos metais refratários, ele resiste a altíssimas temperaturas. Por isso, ligas de nióbio são usadas no processo de fabricação de turbinas de avião. 3. Carros A indústria automotiva aposta no investimento em componentes de nióbio para a fabricação de chassis e rodas de alumínio ou de aço para a produção de veículos mais leves (e econômicos). A fórmula do sucesso EM 2018, a CBMM foi a principal patrocinadora de duas etapas da Fórmula-E, categoria de automobilismo que utiliza carros com motores elétricos e é conhecida como a “Fórmula 1 Sustentável”. O motivo da parceria? Pesquisadores da indústria automotiva afirmam que o nióbio terá papel importante na produção de carros elétricos: em testes realizados, baterias feitas com óxido de nióbio se mostraram mais seguras, duráveis e com tempo de recarga mais rápido. “A CBMM não exporta minério bruto. É a única do mundo que fabrica todos os produtos de nióbio. O desafio é desenvolver tecnologias de aplicação para fomentar o mercado desses produtos”, explica o CEO, Eduardo Ribeiro. Apesar de manter o olho no futuro, a companhia pretende expandir as vendas para a indústria siderúrgica — atualmente, apenas 12% do aço produzido no mundo leva nióbio. Dona do maior parque siderúrgico do planeta, a China fabrica somente 6% de seu aço com ligas de nióbio. “Quanto mais resistente é o aço produzido, de menos matéria-prima você vai precisar para construir o que quer que seja: carro, ponte ou edifício.” Ouro de tolo Vídeo na internet mostra caminhão em alta velocidade parado à força por uma cerca supostamente feita de nióbio. Fato ou fake? Respondemos essa e outras dúvidas 1. Tão precioso quanto o ouro? Nem chega perto. “O custo de 1 kg de ouro é 1.000 vezes maior que o custo de 1 kg de nióbio existente na liga ferronióbio”, calcula o engenheiro de materiais Carlos Ângelo Nunes. 2. Salvará o brasil? Também não. “Nenhuma superpotência foi erguida com a exploração de um único item. Diversificação do quadro produtivo é a chave para o sucesso”, diz o engenheiro Hugo Sandim. 3. A extração ameaça a amazônia? É provável. “Caso seja feita, é evidente que haverá impactos”, alerta Nunes a respeito das reservas ainda não exploradas localizadas no Amazonas. 4. Matéria-prima de aeronaves completas? De jeito nenhum. “O nióbio é apenas um dos componentes usados nas turbinas de foguetes e aviões”, ressalva Eduardo Ribeiro, da CBMM. 5. Pode parar um caminhão? Depende de fatores como o peso e a velocidade do veículo. “Nióbio puro é muito macio e, em tese, não resistiria. Mas uma superliga, talvez”, especula Hugo Sandim. Esta reportagem foi publicada originalmente na edição nº330, de janeiro de 2019, da GALILEU

quinta-feira, 27 de junho de 2019

O retorno à Lua Estados Unidos tentam antecipar para 2024 o regresso ao satélite natural da Terra

O retorno à Lua Estados Unidos tentam antecipar para 2024 o regresso ao satélite natural da Terra, agora, com a meta de iniciar um assentamento permanente Por: @Portal de Notícia Brasil com @Pesquisa FAPESP quinta-feira 27 de Junho, Judimar Santos A pouco mais de um mês de completar 50 anos da chegada do homem à Lua, intensifica-se a movimentação no setor aeroespacial para permitir o retorno ao satélite natural da Terra. Nas últimas semanas, duas empresas privadas norte-americanas, a Blue Origin e a Lockheed Martin, apresentaram o desenho de módulos de pouso capazes de transportar astronautas de uma estação espacial a ser instalada na órbita lunar à superfície do astro e, dali, de volta a essa estação, à qual se acoplarão os foguetes lançados da Terra. Em 1o de maio, a Boeing concluiu uma versão de testes em tamanho real da estação que a Nasa, a agência espacial norte-americana, planeja instalar na órbita lunar a fim de servir de base para a exploração do satélite terrestre e um possível envio de missões interplanetárias. Em 20 de julho de 1969, um domingo, dois astronautas norte-americanos pisaram a superfície poeirenta da Lua em decorrência de uma acirrada corrida de demonstração de poder militar e tecnológico entre os Estados Unidos e a extinta União Soviética. Como antes, o desejo de voltar ao satélite terrestre envolve de novo interesses políticos, marcados pela capacidade de mobilizar os recursos humanos e financeiros para alcançar a meta, além da busca pela primazia tecnológica. O discurso oficial, porém, trata dos objetivos científicos e de planos de exploração de riquezas naturais e criação de uma cadeia econômica envolvendo atividades como mineração, comunicação, transporte de cargas e passageiros, entre outras possibilidades. Cinco décadas após a primeira alunissagem, os Estados Unidos continuam sendo os protagonistas de um possível retorno à Lua, dessa vez ameaçados pela China. No plano mais imediato, a ideia de ir à Lua e estabelecer uma base por lá está embebida, nos Estados Unidos, de um sentimento de orgulho nacional, além da ambição do presidente Donald Trump de deixar uma marca grandiosa de sua passagem pela Casa Branca. Pouco após assumir a presidência dos Estados Unidos em 2017, eleito pelo Partido Republicano, ele demonstrou o desejo de gerar um legado na área espacial quase tão marcante quanto o do democrata John Kennedy, que, no início dos anos 1960, convenceu o país a levar o homem à Lua como forma de mostrar a superioridade tecnológica norte-americana frente à União Soviética, que liderava a corrida espacial. Em abril de 1961, os soviéticos foram os primeiros a enviar um ser humano ao espaço, o cosmonauta Yuri Gagarin. Ainda em 2017, ao pedir o orçamento da Nasa e estabelecer o objetivo de levar seres humanos a Marte na década de 2030, Trump perguntou a Robert Lightfoot Jr., à época administrador em exercício da agência espacial, se não seria possível realizar a missão antes do fim de seu primeiro mandato, em 2020. O diálogo, ocorrido na Casa Branca, foi descrito por Cliff Sims, ex-oficial de comunicação de Trump, no livro Team of vipers (Equipe de víboras), publicado neste ano. Pouco depois, Trump restabeleceu o Conselho Nacional do Espaço (NSC), órgão da presidência que determina as diretrizes espaciais norte-americanas, e definiu uma meta mais modesta: levar astronautas à Lua até 2028. Em março deste ano, o plano mudou, e a viagem foi antecipada para 2024 – possivelmente na esperança de que ocorra ao fim de um eventual segundo mandato de Trump. Voltar à Lua até essa data, dessa vez para estabelecer uma base de exploração por lá, é uma meta audaciosa com prazo exíguo. Em seis décadas, cerca de 130 missões tripuladas ou não foram enviadas ao satélite terrestre por um clube seleto (Estados Unidos, União Soviética, Japão, China, Índia, Europa e Israel). Os Estados Unidos, no entanto, foram os únicos a colocar pessoas na superfície lunar e continuam sendo um dos poucos países com tecnologia, conhecimento e dinheiro para repetir o feito, embora surja no cenário outra potência econômica determinada a demonstrar poderio tecnológico: a China, que tem um setor espacial em ascensão. Nas duas últimas décadas, a agência espacial chinesa (CNSA) instalou, por conta própria, duas estações espaciais (Tiangong 1 e 2) na órbita da Terra, levou 11 astronautas chineses (taikonautas) ao espaço e enviou nove missões não tripuladas à Lua, das quais sete foram bem-sucedidas e colocaram sondas na órbita lunar ou naves em sua superfície. A mais recente, a Chang’e 4, pousou em janeiro deste ano uma nave e um jipe-robô no lado distante do satélite terrestre. “Hoje, a China é o único país que tem razões fortes para levar seres humanos à Lua”, afirma o engenheiro mecânico José Bezerra Pessoa Filho, pesquisador aposentado do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), estudioso da história e da política da corrida espacial. “Ela se estabelecerá como potência global definitiva quando um de seus taikonautas puser os pés lá.” A nova missão norte-americana rumo à Lua recebeu em maio o nome oficial de Artêmis, deusa grega da natureza e da caça, irmã gêmea do deus Apolo, que emprestou o nome ao programa tripulado da Nasa dos anos 1960. Para que Artêmis não fique no papel, a agência norte-americana e as empresas que colaboram com ela terão de apertar o passo e receber investimento pesado. É preciso completar o desenvolvimento do Space Launch System (SLS), um superfoguete capaz de alcançar a Lua, que, se tudo der certo, deve voar pela primeira vez no próximo ano. Também é necessário concluir os testes da cápsula Órion, o meio de transporte dos astronautas da Terra ao Gateway, a estação espacial a ser construída na órbita lunar. Essa estação deverá estar parcialmente pronta até 2024, para permitir repetidos pousos lunares em módulos reutilizáveis que ainda não existem – nas missões Apollo, as naves desciam uma única vez e depois retornavam à Terra. “O presidente desafiou a Nasa a desembarcar a primeira mulher americana e o próximo homem americano no polo Sul da Lua até 2024, para, em seguida, estabelecer uma presença sustentada na Lua e ao seu redor até 2028”, contou William Gerstenmaier, administrador associado de Exploração e Operações Humanas da Nasa, à Pesquisa FAPESP. Em entrevista por e-mail, ele afirmou que os esforços serão liderados pelos Estados Unidos, com envolvimento significativo de parceiros internacionais. A Agência Espacial Europeia (ESA), por exemplo, já provê os sistemas de propulsão e de energia da cápsula Órion, e o Canadá deve fornecer parte da robótica do Gateway. “Criamos padrões de interoperabilidade internacionais que permitirão que qualquer nação participe de nossos planos”, explicou Gerstenmaier. Por que voltar Em dezembro de 1972, os astronautas da Apollo 17, Eugene Cernan e Harrison Schmitt, foram os últimos seres humanos a pisar a Lua. Demonstrada a superioridade dos Estados Unidos no espaço, o programa Apollo, que consumira parte importante do orçamento norte-americano, foi encerrado. Desde então, ninguém mais esteve lá. O desejo de retornar, porém, não desapareceu. Depois de a Nasa investir em missões não tripuladas (mais baratas) para outros destinos no Sistema Solar, em 2004, George W. Bush solicitou à agência um plano de exploração tripulada com retorno à Lua até 2020 e Marte como destino final. Estimativas iniciais indicaram que esse programa, o Constellation, consumiria em 10 anos US$ 230 bilhões (valores de 2004). Houve avanços iniciais, mas, ante a necessidade de recursos vultosos, Barack Obama o encerrou em 2009, mantendo o desenvolvimento do foguete SLS e da cápsula Órion. Os entusiastas enumeram razões para voltar à Lua. Uma é que há muito a aprender antes de mirar alvos mais desafiadores, como Marte. Por exemplo, sabe-se pouco sobre o que ocorre com o corpo humano após longos períodos em ambiente de baixa gravidade e exposto à radiação cósmica. Mesmo os astronautas que permaneceram mais tempo no espaço, na antiga estação russa Mir ou na ISS (Estação Espacial Internacional), não passaram tempo suficiente em baixa gravidade e expostos à radiação para simular a vida na Lua ou uma viagem a Marte. A proximidade da Lua também pesa a favor de usá-la como campo de provas. A distância que a separa da Terra varia de 363 mil a 405 mil quilômetros, que podem ser percorridos em três dias. Já Marte, nos períodos de maior proximidade, fica 130 vezes mais longe, a 55 milhões de quilômetros de distância, o que representa ao menos nove meses de viagem. “A Lua é onde, juntos, desenharemos, desenvolveremos e testaremos os sistemas que, por fim, nos ajudarão a enviar astronautas ao planeta vermelho”, afirma Gerstenmaier. Ir à Lua não exige o desenvolvimento de tecnologias completamente inovadoras, segundo Oswaldo Loureda, fundador e diretor-técnico da Acrux Aerospace Technologies, startup brasileira especializada na produção de pequenos foguetes, drones e estruturas para microssatélites. Desde o programa Apollo, sabe-se chegar lá. “O desafio atual são o cronograma e os custos”, afirma. Tão importante quanto concluir o desenvolvimento de um foguete poderoso é completar os testes para a certificação de que as cápsulas em desenvolvimento são seguras para transportar seres humanos. Para retornar à Lua, será preciso concluir o desenvolvimento do foguete SLS e da cápsula Órion Agências espaciais, especialistas e amantes da exploração do espaço elencam outros interesses científicos para justificar um retorno à Lua e a construção de uma base para ocupação humana. Um é investigar a geologia do astro, possivelmente formado há cerca de 4,5 bilhões de anos dos pedaços de rocha remanescentes do impacto de um planeta chamado Theia, do tamanho de Marte, contra a Terra. A ausência de atmosfera (não venta nem chove por lá) preservaria estruturas na paisagem lunar que ajudariam a compreender a evolução do Sistema Solar. Imagina-se, por exemplo, que as crateras lunares sejam cicatrizes de um intenso bombardeio de meteoros ocorrido há 4 bilhões de anos – na Terra, esses sinais foram apagados pelo intemperismo e pela movimentação das placas tectônicas. “Vejo a Lua como um portal para a exploração do espaço profundo”, diz o engenheiro espacial Antônio de Almeida Prado, especialista em manobras orbitais e trajetórias espaciais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A gravidade na Lua é seis vezes inferior à terrestre. Por essa razão, a superfície lunar ou estações espaciais em sua órbita permitiriam lançar naves e sondas maiores e com mais massa do que a partir da Terra, abrindo caminho para missões mais distantes e longas. Interesses econômicos também guiam o retorno e a possível colonização do satélite terrestre. Estudos sugerem que a Lua teria uma quantidade importante de minerais raros. Lá, haveria também grandes concentrações de hélio 3, uma versão do elemento químico hélio rara na Terra e que, em princípio, permitiria realizar reações termonucleares, com a liberação de muita energia. Da água congelada nas crateras do polo Sul, seria possível extrair oxigênio para os astronautas e hidrogênio para ser usado como propelente dos foguetes. Empresas privadas nos Estados Unidos e na Europa e países como a China já vislumbram formas de explorar esses recursos, em uma possível corrida mineralógica que movimentaria uma economia trilionária. Esse cenário, porém, depende do barateamento das viagens por meio do uso de naves e foguetes reaproveitáveis. O estabelecimento de uma colônia humana lunar poderia ainda servir de experimento sociológico e antropológico, na opinião do engenheiro e empreendedor brasileiro Sidney Nakahodo, cofundador e diretor-executivo da New York Space Alliance, startup sediada nos Estados Unidos que fomenta o desenvolvimento de startups espaciais. Professor da Escola de Administração Pública e Relações Internacionais (Sipa), da Universidade Columbia, Nakahodo projeta que os moradores de assentamentos humanos fora da Terra poderiam criar novas formas de organização social e de exploração econômica, regidas por um arcabouço legal que ainda estaria por ser definido. O Tratado do Espaço Sideral, de 1967, impede que seus signatários reclamem a posse de territórios em outros corpos celestes. Também estabelece que a exploração deve beneficiar a humanidade e libera os Estados para levá-la adiante. Na ausência de um consenso internacional, Nakahodo projeta que a ocupação e a exploração lunar seguirão os moldes do que ocorreu na Antártida. Em documento assinado em 1959, os 12 países que reclamavam posse de partes continentais da Antártida se comprometeram a suspender suas pretensões por tempo indeterminado. O texto estabelece que outros países que desejem participar das discussões sobre o continente devem demonstrar que realizam pesquisas científicas substanciais na região. “Se houver um tratado nesses moldes, o Brasil só será ouvido caso se mostre capaz de desenvolver pesquisas relacionadas à Lua”, diz Nakahodo. Por ora, sem programas governamentais destinados a estudar a Lua, o Brasil conta com um projeto privado, o Garatéa-L, que pretende enviar um nanossatélite para a órbita lunar. “Colocar um equipamento próximo à Lua e manobrá-lo pode permitir ao país entrar para um clube restrito”, afirma Carlos Augusto Teixeira de Moura, presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB). “Seria uma demonstração de capacidade técnica que nos daria alguma voz em um cenário internacional futuro.” Antes que essas possibilidades se tornem realidade, no entanto, é preciso recuperar a capacidade de voltar à Lua, algo que não será tão fácil quanto Trump desejaria. Em 16 de maio, um projeto de lei da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos – o equivalente à Câmara dos Deputados brasileira – adicionou US$ 1 bilhão ao orçamento da Nasa para o ano fiscal de 2020. Com o acréscimo, a agência deve receber cerca de US$ 23 bilhões, o equivalente a cerca de 0,5% dos gastos federais norte-americanos, muito distante dos 4% consumidos no auge do programa Apollo. Mesmo com a suplementação, a verba da agência deve ser insuficiente para o retorno à Lua até 2024 – alguns especialistas estimam que seriam necessários acréscimos anuais de US$ 5 bilhões a US$ 8 bilhões pelos próximos anos para atingir a meta. A verba adicional aprovada em maio é quase 40% inferior à solicitada por Trump. Na véspera da aprovação, congressistas do Partido Democrata, de oposição ao governo, viram com desconfiança a emenda orçamentária da Casa Branca. “Vou reservar meu julgamento sobre o plano geral de pouso na Lua até que o Congresso receba informações mais concretas sobre a iniciativa”, declarou a deputada democrata Eddie Bernice Johnson, do Texas, que preside o Comitê de Ciências da casa. Segundo reportagem de 16 de maio da revista SpaceNews, especializada em política e negócios do setor espacial, Johnson está interessada em conhecer algo ainda não revelado: o custo total e os detalhes técnicos da missão.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Ciência que ajuda!! A 'rua sensorial' criada para estimular a memória de idosos com sintomas de demência

Por: Portal de Noticia Brasil com BBC News Uma casa de repouso na cidade britânica de Birmingham criou uma "rua sensorial" - com casa de chá, loja de doces e agência dos correios - para ajudar a estimular os idosos. A experiência tem sido positiva especialmente entre os residentes com sintomas de demência, ajudando a despertar memórias e a se conectar com as próprias emoções. À primeira vista, a Robert Harvey House parece um lar para idosos como os outros espalhados pela Inglaterra - exceto talvez pelas músicas antigas, muitas da década de 1950, que ecoam pelas caixas de som. A surpresa está nos fundos. Quem visita a parte de trás dá de cara com uma cabra que em geral pula para receber os visitantes na esperança de ganhar pedaços de verduras e legumes. Não muito longe dela, um papagaio grita " hello " para os passantes e, um pouco mais à frente, vê-se uma réplica da High Street, uma das ruas de compras mais famosas da cidade. Nela, a bomboniere tem as prateleiras cheias de jarras com balas de alcaçuz e outros doces de antigamente, a agência dos correios é vizinha de uma bomba de combustível como a de outros tempos e a casa de chá está decorada com bandeirinhas do Reino Unido. "A coisa foi crescendo e, em determinado momento, dissemos: 'vamos fazer isso direito, não apenas fachadas de lojas, mas espaços que as pessoas de fato possam usar, que famílias possam usar'", explica Anthea Reid, diretora da casa de repouso. Perto das gaiolas com os papagaios há ainda porquinhos-da-índia e patos, além das cabras comilonas - todos colocados ali com o intuito de estimular os sentidos dos idosos. Ambientes que estimulam A inspiração veio de um modelo parecido visto pela equipe em um lar para idosos na Noruega. "Eu acho excelente. Dá a eles novos elementos para conversar", afirma Viv Semmens. Sua mãe, Audrey, tem 90 anos e vive na Robert Harvey House há dois. Assim como mais da metade dos residentes da casa de repouso, a idosa também sofre de demência. "Ela não consegue lembrar a última vez que viu um açougue", exemplifica Viv. "Só de pensar sobre esses assuntos é algo muito positivo - como ela se sentia quando era mais jovem, os lugares que visitava naquela época." Promover o contato com ambientes que gerem estímulos e oportunidades de interações sociais são aspectos fundamentais no cuidado com os idosos, diz Sarah Smith, pesquisadora-sênior sobre demência na Universidade Leeds Beckett. Pessoas com demência podem ter dificuldade para acessar as memórias, mas isso não significa que as lembranças tenham sido perdidas, pondera a especialista. Assim, estímulos sensoriais podem ajudar os idosos nessas condições a recuperar parte delas. "As memórias resgatadas são tipicamente de períodos do início da vida adulta, consideradas definidoras da personalidade", pontua Smith. "Entrar em contato com essas reminiscências pode reforçar o senso de identidade e promover bem-estar." Depois de visitar mais de uma dúzia de lares para idosos, Viv Semmens diz ter "absoluta certeza" de que a mãe está no melhor lugar possível. "Ela participa sempre que tem oportunidade e realmente parece aproveitar cada experiência", ressalta. Momentos preciosos Cerca de metade dos residentes está ali com recursos próprios e da família e metade é atendida pelo sistema público de saúde britânico, o NHS. A casa de repouso é administrada pela organização sem fins lucrativos Broadening Choices for Older People (BCOP, ou "ampliando escolhas para idosos", em tradução livre), que também realiza constatemente campanhas de arrecadação de fundos para manter as instalações. Como a tendência é que a saúde da maioria dos residentes com sintomas de demência vá se deteriorando lentamente, a prioridade é dar aos pacientes a melhor qualidade de vida possível, diz a ONG. "Mesmo que o dia esteja feio lá fora, a gente arranja um cobertorzinho, leva-os para a casa de chá, liga o aquecedor e tenta criar um momento especial", diz Anthea. Residentes com demência em estágio avançado não necessariamente lembrarão o que aconteceu, "mas, nem que seja por um breve momento, se há uma conexão, um sorriso, uma gargalhada, essa é a coisa mais importante", afirma Caroline Cooban, presidente da BCOP. A Robert Harvey House também atende pessoas com doenças mentais. Chris Garrett e a esposa, Jane, estão juntos há 22 anos. Eles aproveitavam juntos a aposentadoria quando ela teve um colapso nervoso e precisou ser internada. A britânica passou quatro anos entre hospitais e clínicas especializadas. Em janeiro, quando ela foi liberada da internação compulsória - mecanismo previsto pela legislação britânica em alguns casos por meio do Mental Health Act -, Chris decidiu tentar a Robert Harvey House. "A especialista que acompanha Jane diz que a forma como ela vem se recuperando parece milagre. Ela reconhece as pessoas, socializa - e acho que muito disso se deve a esse ambiente", destaca o marido. Jane e Chris comemoram datas especiais - de aniversários ao Dia dos Namorados - na casa de chá e todos os dias Jane se vê entretida conversando com os papagaios que ficam próximos à sua janela. "Desde que cheguei, com os animais, o cuidado e o carinho, isso tudo me fez melhorar", ela conta. Smith afirma que a importância das necessidades psicológicas no cuidado com os idosos tem sido cada vez mais reconhecida, o que tem se refletido nas casas de repouso, que têm adotado práticas que envolvem atividades de estímulo à memória ou experiências sensoriais. Para a especialista, "cada vez mais evidências mostram que há muito o que se fazer para que pessoas com demência vivam melhor". "Dito isso, algumas casas de repouso ainda têm dificuldade para prover esse nível de assistência por diversas razões, desde a falta de recursos e de treinamento da equipe até desconhecimento." Anthea se emociona quando perguntamos o que ela mais gosta no trabalho que desenvolve na Robert Harvey House. "Somos uma família. Todo mundo aqui, funcionários da limpeza, cuidadores, cozinheiros, todo mundo está aqui", ela diz, apontando para o coração.

Investigação aponta que deputado do PSL-RJ recebeu R$ 35 mil sem trabalhar

Por: Portal de Noticia Brasil O deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL) - conhecido por ter feito em pedaços uma placa em homenagem póstuma à vereadora Marielle Franco (PSOL) às vésperas da eleição de 2018 - embolsou R$ 35.425,80 (bruto) como subsecretário adjunto de governo e planejamento da Prefeitura de Mesquita, na Baixada Fluminense, sem nunca ter assinado a folha de ponto. A constatação foi feita pelo Núcleo de Prevenção e Combate à Corrupção do Conselho Superior da Procuradoria-Geral do município, que apura a suspeita de que Amorim foi um dos funcionários fantasmas nomeados na gestão do ex-prefeito Rogelson Sanches Fontoura (PRB).. Mais conhecido como Gelsinho Guerreiro, o ex-prefeito da cidade de pouco mais de 175 mil habitantes (IBGE/2017) responde a processos na Justiça por suspeita de chefiar uma organização criminosa envolvida em assassinatos e extorsões, além de improbidade administrativa, por suspeita de uso eleitoral da máquina pública. Rodrigo Amorim foi nomeado subsecretário em 30 de maio de 2015 e exonerado em 29 de março de 2016. Na mesma época, também esteve nomeado no gabinete do vereador Jimmy Pereira (PRTB), na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, a 29,4 quilômetros de Mesquita. Instaurada em janeiro passado, 52 dias após a Ouvidoria da prefeitura ter recebido denúncia citando Rodrigo Amorim como funcionário fantasma, a investigação busca por documentos e decisões emitidas pela subsecretaria no período de dez meses em que o advogado ocupou o cargo. Em meio à apuração, o núcleo localizou as fichas financeiras com os pagamentos feitos a Amorim, mas não encontrou nenhum documento assinado pelo então subsecretário-adjunto. Nem mesmo as folhas de ponto. Segundo o hoje deputado, a investigação existe por uma vingança pessoal do atual prefeito da cidade (veja mais abaixo). Procurado pela reportagem, que enviou emails e mensagens por WhatsApp, o ex-prefeito Gelsinho Guerreiro não se pronunciou sobre as supostas nomeações de funcionários fantasmas ou sobre os processos que responde na Justiça. Deputado acusa prefeito de "vingança pessoal" A reportagem enviou email ao gabinete de Amorim, solicitando um posicionamento sobre a suspeita apurada pela sindicância, sua relação com o ex-prefeito citado em processos em andamento na Justiça e perguntando se o parlamentar tem cópias das folhas de ponto assinadas no período em que foi nomeado em Mesquita. Em nota, a assessoria do parlamentar levanta suspeita sobre o procedimento administrativo, acusando o atual prefeito, Jorge Miranda (PSDB) de vingança pessoal: "Toda a sindicância aberta pelo sr. Jorge Miranda está sob suspeita", afirma a nota. "O número do ofício supostamente encaminhado pela Ouvidoria, inclusive, é 001, e é difícil acreditar que tenha sido o primeiro daquele ano, uma vez que foi em novembro de 2018, um mês depois da eleição de Rodrigo Amorim, adversário político de Miranda (ofício este que só passou a ter relevância, curiosamente, em maio). O deputado está tomando as medidas criminais cabíveis contra o sr. Jorge Miranda, com relação a condutas que configuram o crime de calúnia com fins de propaganda eleitoral e contra a honra de candidatos, além da possibilidade de uso da administração para fins de vingança pessoal". A procuradora-geral de Mesquita, Cláudia Dantas, servidora concursada que preside o conselho ao qual está vinculado o Núcleo de Prevenção e Combate à Corrupção, que investiga o caso, esclarece que a Ouvidoria do município recebeu a denúncia em novembro e após os trâmites internos instaurou a sindicância em janeiro deste ano. De acordo com a servidora, o órgão é autônomo e desde o início da atual gestão abriu 51 sindicâncias, que resultaram em 37 processos administrativos (PADs) e 21 demissões, parte delas de funcionários que acumulavam matrículas em outras administrações: "Anualmente, cada secretaria emite um número para cada sindicância instaurada, que é automaticamente zerado e reiniciado. O caso do subsecretário-adjunto é 001/2019 da Secretaria de Administração desse ano. Só no governo de Jorge Miranda foram 21 demissões, a maioria justamente por acúmulo de vínculos ilegais. Já descobrimos até um servidor da educação que estava de licença em Mesquita e acumulava matrícula na Bahia. O Núcleo de Prevenção e Combate à Corrupção é autônomo e tem atribuição de investigar qualquer servidor de carreira ou nomeado", diz a procuradora-geral.

Na Câmara, Glenn Greenwald afirma que, apesar de ameaças, nada deterá a Vaza Jato e avisa " Áudios serão divulgados "

Por: PORTAL DE NOTICIA BRASIL

O jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, responsável pela divulgação da série de reportagens “As mensagens secretas da Lava Jato”, participou na tarde desta terça-feira (25) de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), onde respondeu a questionamentos feitos pelos parlamentares.

Greenwald criticou a conduta do ex-juiz Sérgio Moro, do procurador da República Deltan Dallagnol e da força tarefa da operação Lava Jato, na qual, segundo ele, o limite entre Justiça e procuradoria foi ultrapassado.

“O material mostrou, e vai continuar mostrando, que Sérgio Moro quebrou o Código de Ética diversas vezes. Ele era o chefe da força tarefa da Lava Jato, o chefe dos procuradores, e fingia que era um juiz neutro. Isso é um processo totalmente corrupto”, afirmou Glenn.

Greenwald chamou a atenção para a prisão política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT): “Imagina se você é acusado por crimes graves, vai para a prisão e depois descobre que o juiz que te condenou estava, o tempo todo, planejando, colaborando e construindo as acusações, enquanto fingia ser imparcial”.

“Nosso papel como jornalistas é informar o público, reportar material de interesse público e fortalecer a luta contra a corrupção. Mas, é impossível lutar contra a corrupção usando comportamento corrupto. É impossível, em uma democracia, ter Sérgio Moro ocupando um cargo público tão importante como o de ministro da Justiça”, completou.

O jornalista argumentou que Moro e Dallagnol utilizam de uma tática cínica para passar a ideia de que o material não é autêntico e seria produto de um crime cibernético. Greenwald enfatizou o direito ao sigilo da fonte jornalística e criticou que os servidores públicos não tenham preservado as conversas em seus históricos de mensagens.

Ameaças

“O jornalismo mais importante nas últimas décadas foi baseado em informações e documentos muitas vezes roubados. A intenção é nos ameaçar, intimidar e criminalizar. Por causa disso, a única tática que eles têm é a de tentar enganar o público. Mas, eles não podem fazer nada para impedir que esse material continue sendo reportado. Ninguém tem medo dessas táticas”, argumenta o jornalista do The Intercept.

Aos parlamentares, Greenwald afirmou que o atual ministro da Justiça e Segurança Pública representa um ataque contra a liberdade de imprensa, garantida pela Constituição brasileira, além de provocar a destruição da imagem do país internacionalmente.
“Eu e minha família estamos recebendo muitas ameaças graves, inclusive de morte. Mas, eu acho que a ameaça mais grave é a que está vindo do próprio ministro, que nos chama de aliados de hackers. Ele está mentindo. A única coisa que nós fizemos foi receber os documentos”, informou.

Advogado especialista em direito constitucional pela Universidade de Nova York, Greenwald lamentou e rebateu a tentativa de desqualificar seu trabalho pela justificativa de ser estrangeiro. Radicado no Brasil há 15 anos, o jornalista chamou o país de lar, onde, segundo ele, pretende morar para sempre, com marido e filhos brasileiros.

“Isso não é só falso, mas injusto, porque temos uma equipe brasileira de jornalistas e editores que estão fazendo esse jornalismo. O material tem integridade total e não existe nenhuma evidência de que foi alterado. Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e a força tarefa da Lava Jato sabem que o material é autêntico”, asseverou.

“Eu nunca fui uma pessoa que estava nas ruas gritando Lula livre. Mas, como advogado e cidadão, eu sei que não se pode colocar alguém na prisão sem um processo justo”, completou o jornalista.

Convidado a participar da audiência, Moro viaja aos EUA

Greenwald destacou publicações da mídia comercial, como o editorial do jornal O Estado de S. Paulo e a capa da Revista Veja, que se posicionaram contra a postura do ex-magistrado. “Se não temos provas, por que os apoiadores de Moro o estão abandonando?”, questionou. “Só a Rede Globo ainda está ignorando o conteúdo das revelações e protegendo Moro”.

Parlamentares criticaram a ausência de Sérgio Moro, que também foi convidado para a audiência pública. O ex-juiz viajou para os Estados Unidos, mas não divulgou detalhes de sua agenda pública no país, como um ministro de Estado deve fazer.

O procurador Deltan Dallagnol também foi ao país norte-americano ao mesmo tempo que Moro. O deputado federal Alencar Santana (PT-SP) informou que apresentará um requerimento à Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) da Câmara e outro à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que os servidores públicos esclareçam a “viagem surpresa” aos Estados Unidos.
Moro também foi convidado a uma audiência pública conjunta entre a CDHM e a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), prevista para esta quarta-feira (26). A presença do ministro, entretanto, não está confirmada.

Vencedor do Prêmio Pulitzer de jornalismo, Greenwald afirmou que todo o material recebido foi e continua sendo apurado cautelosamente, seguindo os mesmos métodos jornalísticos usados no caso de Edward Snowden. Por isso, apesar da pressão de parlamentares, Greenwald não comentou sobre os próximos capítulos da Vaza Jato.

“Quando eu comecei a ler esse material eu fiquei, sinceramente, chocado. Em primeira instância, chocado como advogado. Nos Estados Unidos, se um juiz fizesse uma única vez o que Sérgio Moro fez aqui durante cinco anos ele perderia o cargo e seria proibido de advogar”.

“Eu não sou um perito na lei brasileira, então a primeira coisa que eu fiz, como jornalista, foi conversar com juristas especialistas na lei brasileira e que não tinham perspectivas políticas fortes. Todos os que olharam para o material reagiram da mesma forma, não só chocados, mas indignados com um abuso de poder judicial tão severo”, completou o jornalista.

Áudios serão divulgados

Ao ser desafiado pela parlamentar Carla Zambelli (PSL-SP) a mostrar provas sobre a autenticidade das mensagens publicadas, Greenwald respondeu à deputada que divulgará áudios em momento oportuno. “Vamos soltar áudio quando o material estiver publicado e vai se arrepender muito de pedir”.

No dia 3 de outubro de 2017, o procurador Deltan Dallagnol elogiou o fundador do The Intercept Brasil por meio de uma publicação no Facebook, onde o chamou de “renomado jornalista Glenn Greenwald”, após um evento em que ele defendeu a Lava Jato.

“Sérgio Moro fez coisas boas, colocou criminosos na prisão. Eu defendi a Lava Jato, sou a favor da luta contra a corrupção. Mas, o fato de ter feito coisas boas não significa que ele tem o direito de quebrar a lei, de ser corrupto. Os fins não justificam os meios que ele usou”.

Na audiência, aliados de Jair Bolsonaro (PSL) defenderam a postura de Moro, como a deputada Kátia Sastre (PSL-SP), que afirmou que o ex-juiz foi “perfeito” na condução da Lava Jato.

A sessão foi marcada por diversos momentos de tumulto em que parlamentares da base do governo interromperam Greenwald, acusando-o de crime e pedindo a prisão do jornalista.

Presidido por Helder Salomão (PT-ES), o debate foi proposto pelos deputados Camilo Capiberibe (PSB-AP), Carlos Veras (PT-PE), Márcio Jerry (PCdoB-MA) e Túlio Gadelha (PDT-PE) e se estendeu por quase sete horas.

Sergio Moro vira réu em ação que pede ressarcimento por prejuízos da "lava jato"

A ação foi apresentada por cinco deputados federais, com fundamento no fato de que a lei prevê reparação por atos de agente público que afro...